Sunday, March 02, 2008
Poema em cor
"Voas para colorir a minha vida
mas rapidamente foges para que eu,
mais do que sentir a dor da ausência,
possa dar valor aos reencontros
e recordar, com ternura e reconforto,
do meu universo próprio de memórias,
aquilo que representaste no meu trajecto.
é a tua cor que me faz sentir o prazer,
a loucura, da física ao sonho,
o presente, que se esvai como um relógio de areia,
o passado, com um travo de melancolia escondido
no reverso duma lágrima por cair,
e, também, o futuro absorvido pelo desejo
do reencontro, mesmo que ele possa ficar,
irremediavelmente,
no plano estratosférico das intenções.
No entreposto duma vida
vejo e sinto os teus voos solitários
como manifestações de cor,
revolucionárias do cinzento predominante,
em relação às quais identifico
a minha própria cobardia,
por não "rasgar as fronteiras do absurdo",
como dizia o poeta,
e por não dizer: estou aqui, sou eu e quero viver!
Sou uma pousada por remodelar,
sujeita à erosão do quotidiano
às ventanias das personalidades
e às chuvadas dos desenganos.
As nortadas, quais bofetadas,
fizeram-me quieto, ou quieta,
em posição cómoda, mas errante,
e cortaram as asas dos meus sonhos.
Nesta vivência ao avesso,
em que já não sei bem onde estou,
desespero pelo bom senso:
o de poder ser como sou..."
Pedro
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1 comment:
Excelente texto. A foto, bem é das macros mais belas que vi até hoje...
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