Do piano que me deste surgem as rosas preenchendo o nosso amor, de um modo completo, indelével, delicado e permanente.
Pelo teu amor, peço, voluntariamente, que os espinhos das rosas marquem o meu corpo, para que nada aconteça ao teu Ser.
Os meus acordes em Lá menor, que sublinham a minha humildade face à Musa-Mor, altiva e distante, ecoam pelo Cais do Pensamento, onde a maresia insiste em castigar a minha profunda solidão.
Descem, tais acordes do lá menor, de meio-tom em meio-tom, até chegarem ao Fá, enfim, ao Fado de uma vida absolutamente consciente de um corpo localizado onde a alma não devia estar.
Tal como os nossos desencontrados caminhos...
Dir-me-ias: se os invertidos são aceites como a nova "classe dominante" (em estilo "metrosexual de maçã reineta") , esta inversão desalinhada do corpo e do espírito não deveria ser considerada... normal?
Não é. Seguramente. Para mim e para ti.
Ambos sabemos que haverá, algures nesta dolorosa caminhada, o tão ansiado ponto de encontro, no qual, retemperada das dores físicas e psicológicas, terás a disponibilidade para virar para uma outra página da tua iluminada vida e seguir em frente, de mãos dadas, serenamente e... em paz.
Brindemos, pois, à paz, a nós e ao futuro.
Ergo um copo de vinho tinto e coloco-o sobre o piano, onde, desafinado, esboço mais uns acordes que transformam qualquer poema numa singela oração pelo teu bem-estar...
Texto: Pássaro Distante
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